Expectativa lá no alto para iniciar minha viagem ao Laos, o desconhecido país do sudeste asiático tão aclamado pelo mundo do turismo como um destino surpreendente e autêntico.
Já estou nesta jornada slow travel pelo continente há 15 meses, me deliciando com as experiências como quem degusta o último quadradinho do chocolate suíço que você ama trazido por aquela superamiga quando regressou da Europa.
Escolhi a dedo o mês de fevereiro, dentro da melhor época para visitar o Laos, como sugerido, fora do período de chuvas e temperaturas mais amenas. E no dia 03 do segundo mês de 2018, o avião da Laos Airlines aterrissou no aeroporto internacional de Vientiane, a capital laosiana.

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Viagem ao Laos: por que o país não me encantou
Viagem ao Laos: começando em Vientiane
Considerada a capital mais parada do sudeste asiático, Vientiane é uma cidade que pode ser visitada em um dia, dois no máximo. Vê-se logo a falta de atrações quando o destino inclui no roteiro um passeio para ver edifícios das embaixadas de outros países e escolas infantis.
Fiquei decepcionada com a falta de opções interessantes e seguras sanitariamente falando para almoçar e jantar às margens do Rio Mekong, o grande cartão-postal do país. Os lugares são muito simples, oferecem pouco conforto, a higiene é duvidosa e a qualidade da gastronomia não está a par com o valor final da conta.
Duas atrações interessantes são o bizarro Buddha Park e o bonito trabalho do COPE, que fabrica próteses para as vítimas das bombas remanescentes da Guerra do Vietnã que castigaram o Laos. Ninguém no mundo ocidental sabe que as bombas ainda estão matando pais de família laosianos ao pisar no campo minado num infortúnio destino.
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Viagem ao Laos: Van Vieng, queridinha dos mochileiros
Desisti de ir a Van Vieng, paraíso de montanhas calcárias, cavernas e atividades ecoturísticas após ler as reviews de quem foi. Resumindo, um lugar roots, para quem não se importa com a falta de conforto, limpeza e infraestrutura. Caro para chegar, estrada sinuosa, opções de transporte precárias e inseguras. Veja bem, há viajantes que adoram Van Vieng, se encantam com a beleza das montanhas escarpadas, mas não faz meu estilo de viagem.
Viagem ao Laos: Luang Prabang, a joia do país
Resolvi, então, apressar minha ida para a famosa Luang Prabang, cidade inscrita como Patrimônio Unesco da Humanidade pela sua autenticidade arquitetônica do período colonial francês. Encontrei uma cidade marrom onde a hora parece passar devagar, um tanto depressiva… cadê o charme? Os edifícios de madeira escura, portas e janelas com tintas em tons pastéis descascando pela exposição ao tempo parecem abandonados, retrato de um protetorado esquecido pelo seu colonizador.
Os ambientes internos à meia-luz mais me lembravam retratos do fim do século 18 quando a luz elétrica ainda não chegara do que uma proposta romântica propriamente. Não consegui entrar em nenhum desses cafés e restaurantes considerados charmosos pelos folders promocionais da cidade. Cadê a cor dessa cidade? Eu preciso ver cor na minha vida!
Uma das características mais mencionadas para vender o destino é sua autenticidade, uma cidade ainda não adulterada pelo turismo. Não foi isso que eu vi. Nas três ruas paralelas que delimitam Luang Prabang, guesthouses, hotéis, restaurantes, casas de massagem e agências de viagem ocupam os sobrados de madeira outrora residências laosianas. Tudo voltado para o turismo.

Viagem ao Laos: a ronda das almas em Luang Prabang
Mais triste ainda é assistir à ronda das almas (alms giving) ao amanhecer. Locais armam suas mesinhas no meio da rua principal para vender aos turistas kits de alimentos a serem doados aos monges. Banquinhos coloridos de plástico são alinhados junto ao muro na calçada à espera das dezenas de chineses, tailandeses e alguns ocidentais que começam a pipocar das ruelas transversais em busca da grande experiência.
De autêntico, apenas os monges em seus trajes laranjados em sua busca diária pelo alimento. Entre eles, velhinhos laosianos residentes das casas à frente dos templos, na sua prática diária de doar o arroz que ele mesmo cozinha para os monges. Poderia tecer uma visão poética do momento… sim, e irei fazê-la em outro post para quem deseja conhecer o Laos, mas minha noção um tanto pragmática da vida às vezes me faz levantar questões passíveis de calorosos debates.
Assim como em Vientiane, não há um lugar inspirador para assistir ao pôr do sol à beira do Mekong. Decks de restaurantes simples oferecem vista parcial, obstruída pela vegetação nos bancos do rio, drinks e petiscos que eu não arrisco provar dada minha breve verificação de limpeza das instalações. No máximo, água de coco.
Viagem ao Laos: cartões-postais lindos de ver, difíceis de encontrar
Por fim, a decepção de não conseguir ver outro cartão-postal do Laos: os coloridos grupos étnicos e sua riqueza cultural. Não vi sequer uma mulher Hmong, Khmu ou Akkha ao vivo vestindo seus trajes típicos. Aqueles vivendo no entorno de Luang Prabang já estão “ocidentalizados”, usando roupas normais. Me lembrou muito os indígenas brasileiros. As tribos que mantêm sua cultura habitam montanhas e vales bem distantes das cidades.
Para chegar até elas, é necessário enfrentar estradas precárias na época da seca (na estação das chuvas muitas ficam inacessíveis), viagens longas, dormir em camas duras em residências locais, com temperaturas mais frias e comer as refeições nos vilarejos, de novo a preocupação sanitária me vem à mente.

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De coloridos, encontrei os templos vermelhos e dourados de Luang Prabang.
Se você quer conhecer o Laos
Programe conhecer o país logo na sua chegada ao Sudeste Asiático, antes de conhecer os outros países. As atrações e experiências que você viverá em Mianmar, Vietnã, Indonésia e Tailândia vão ofuscar seus dias a serem desfrutados no Laos. É como se acabar num bolo de chocolate para depois comer os legumes.
Planeje a viagem para o mês de novembro, logo após o fim das chuvas. A paisagem está verdejante e o frio ainda não terá chegado com força. Outubro a março são considerados meses de alta temporada porque é estação seca. No entanto, a partir de dezembro as temperaturas descem bastante, as florestas sofrem com a falta d’água e paira uma nuvem de poeira no horizonte, deixando o cenário descolorido.
Laos: um destino overrated – Neste artigo teço minhas impressões sobre quais perfis de viajantes gostam do Laos. Ressalto que são meras elocubrações empíricas de uma pessoa que transita entre viagens simples às mais luxuosas, e que sempre olha o custo x benefício de cada destino.

Onde ficar em Luang Prabang
Eu não recomendo se hospedar em hotéis mais simples no Laos. Visitei vários hotéis boutique quatro estrelas em Luang Prabang e t-o-d-o-s sem exceção têm colchões muito duros, ambientes escuros e/ou muitas escadas para acessar os quartos sem elevador.
Com sofisticação
Rosewood Luang Prabang – recém inaugurado nos arredores da cidade, tem suítes espaçosas e instalações novinhas. Diárias a partir de USD 750.
Com conforto
Belmond La Résidence Phou Vao – o selo Belmond garante a excelência em atendimento e serviços. Uma escolha certeira fora do centro, mas com transporte oferecido pelo hotel. Diárias a partir de USD 460.
Com economia
3 Nagas Luang Prabang – no centro histórico, é um hotel boutique bastante procurado pelo custo x benefício, integrante do seleto portfólio MGallery by Sofitel. Diárias a partir de USD 240
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Tags: turismo no Laos – viagem ao Laos – o que fazer no Laos – onde ir no Laos
Foto de capa de minha autoria durante o cruzeiro ao entardecer no Rio Mekong em Luang Prabang.
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