Uma das viagens mais inesperadas que eu fiz foi ao Japão, em especial a Hakone. E foi naquele lugar, do outro lado do mundo, que tive um dos insights mais importantes da minha vida.
Havia um seminário em dezembro sobre um assunto novo na minha (antiga) área que ficou martelando na minha cabeça durante seis meses, desde sua divulgação. Pensava, imagina, não preciso ir tão longe por causa de um seminário.
Porém, quando a data foi se aproximando, me deu cinco minutos. Em 15 dias planejei a viagem, fiz minha inscrição, tirei o visto e comprei a passagem.
Quando dei por mim, estava cruzando a Linha Internacional da Data no dia do meu aniversário, dentro de uma aeronave americana.
Planeje sua viagem pegando no Pinterest todas as minhas dicas divididas por país ou temas. Acesse este link e me siga para não perder as novidades.
De trem bala japonês para Hakone
Um dos dias mais maravilhosos da viagem e mais marcantes da minha vida foi o passeio que fiz a Hakone, região nas montanhas ao lado do Monte Fuji.
Em Tóquio, peguei o famoso Shinkansen, o trem bala japonês. Incrível, moderno, limpo, impecável, superveloz e muito silencioso.

Ao chegar na estação Hakone-Yumoto, voltei no tempo. Embarquei em um trem local, subindo a serra, fazendo curvíssimas, ao ponto de andar em Z, ora de ré, ora de frente.
Estava acompanhada de dezenas de meninas com cerca de 10 anos, todas uniformizadas. Camisa branca impecável, saia cinza plissada, meias brancas até o joelho e sapatinhos pretos delicados. Não fotografei, mas registrei o momento para sempre na memória.
Inscreva-se em nosso canal no Youtube e inspire-se em nossos vídeos de viagem.

Como não falava japonês – aliás só consegui aprender palavras como “migui” (direita), “hidari” (esquerda), “massugo” (em frente), porque “bom dia” era tão grande que não consegui guardar – imaginei que as meninas estariam fazendo um passeio de escola para o mesmo lugar onde eu estava indo.
Ao descer na estação final, segui as estudantes e, ledo engano… elas estavam a caminho da escola.
Bom, precisei me virar sem inglês e sem japonês para entender pra onde eu tinha que seguir. Muito mimiquês depois, consegui decifrar que deveria pegar um teleférico para atravessar o vale Owakudani em direção às montanhas que soltam gases sulfurosos.
Gêiseres, ovos negros e cheiro de enxofre
No mesmo teleférico em Hakone, estavam quatro senhoras japonesas que passeavam juntas. Eu as ouvia falar japonês e rir baixinho. Admirava seu vigor físico e alegria jovial, embasbacada com a vista do vale, enebriada com a aventura que vivenciava.
Siga @adri.lage no Instagram e acompanhe em tempo real sua viagem de volta ao mundo.

De repente…. lá estava ele… o Monte Fuji! Surgiu imenso atrás de uma montanha, inteiro, contrastando com o céu azul sem uma nuvem. Apenas seu cume coberto de neve, parecendo chantilly. Fiquei muito emocionada. Eu, ali, literalmente do outro lado do mundo!

A primeira parada era uma região repleta de gêiseres que soltam gases sulfurosos. Ali cozinham os famosos ovos que deixam a casca preta, sim, cozidos em água borbulhante sulfurosa.
Viaje mais: 9 meses de viagem pelo sudeste asiático: o que eu aprendi

Enquanto caminhava montanha acima para comer os tais ovos negros, observava o Monte Fuji, sem vidro, sem tela de TV, sem óculos nem binóculos. Subi o trecho da montanha inteiro chorando… não conseguia parar de tanta emoção.

Vi os gêiseres borbulhando água fervente, o cheiro podre no ar e comprei um pacotinho com 4 ovos que surpreendentemente não tem odor nem sabor de enxofre e, por dentro, clara branca e gema amarela como conhecemos.
Passou o choro, dividi os ovos com as senhoras e resolvi ir logo embora porque o cheiro estava difícil de aguentar.



Lago Ashi, a surpresa e o insight
Subi em outro teleférico, desta vez descendo até o Lago Ashi…. coisa mais linda… No mesmo vagão (é isso?), um senhor sozinho puxou papo e coincidentemente visitava o Brasil com frequência para fazer negócios.
Peguei o barco colorido que mais parece tirado de um filme Disney pra atravessar o Lago Ashi.
Viaje mais: Lugares para tirar fotos de Instagram na Ásia

A água cortada pela embarcação, o vento no rosto e a natureza ao redor me trouxeram uma serenidade inexplicável.

Ao desembarcar, sentei no pier e ali fiquei, olhando o Monte Fuji enorme, inacreditável, todo poderoso, com neve só no topo, destacando-se na paisagem. Comecei a chorar de novo, copiosamente, vendo o filminho da minha vida passar pelos meus olhos.
Toda a minha luta, todas as minhas dúvidas e meus medos, os nãos que recebi e não aceitei. Todas as minhas conquistas, meus aprendizados, minhas vitórias. Todas elas representadas por essa obra monumental da natureza que, para nós brasileiros, literalmente significa o outro lado do mundo.
Neste momento compreendi que nós somos nossa própria limitação e que podemos tudo o que queremos. Sem dúvida, um marco na minha vida.
Vi as nuvens cobrindo o Monte Fuji que quase desapareceu, apenas seu cume branco se confundindo com as nuvens que o rodearam. Fiquei uma hora parada, sentada no pier, olhando o monte, uma hora cravada no relógio.
Esse momento está eternizado na minha memória e no meu coração. Sempre que preciso de ânimo, recorro a esta foto:

Tenho vontade de imprimi-la na parede do meu quarto, para acordar todos os dias reforçando este aprendizado.
Bom, recomposta, lembrei que havia muito o que fazer ainda e outros lugares para visitar. Estava muito ansiosa para conhecer um SPA com águas quentes naturais e resolvi seguir estrada. Só que essa história é para outro dia.
Adorei Adriana ! Cheguei a ficar arrepiada com o seu momento de ” rever os seus pontos de vista ” !
Já fui a Hakone umas 3 vezes desde que mudei pra Tokyo mas nunca provei os ovos pretos , nem fui até o Geiser … Fatal que vou tentar corrigir na próxima vez que voltar lá !!
Bjs e sucesso em todas as suas empreitadas na vida !
❤️❤️
Paulaaa como assim não provou os ovos negros? Rs
Obrigada pelo carinho.
Realmente foi um momento único. Feliz que te inspirou!
Depois me conte sobre tua experiência!
Bjs